O que é a Dança Circular?
Consciência corporal, ritmo, concentração, silêncio interior, meditação em movimento.
Na dança, através dos gestos e movimentos, o homem busca dizer o indizível, conhecer o desconhecido, estar em relação com os outros e com o profundo mistério da existência.
Os homens dançaram todos os momentos solenes de sua existência: a guerra e a paz, o casamento e os funerais, a semeadura e a colheita. Em sua origem, a dança está ligada aos rituais, à religião, ao trabalho, à festa, ao amor e à morte.
Realizada em roda e de mãos dadas, a Dança Circular é uma modalidade de dança em grupo que favorece o desenvolvimento da consciência corporal, coordenação motora e sensibilização musical. Tem como propósito a vivência da cooperação, da alegria, da beleza e do amor fraterno.
Também conhecida como Dança Circular Sagrada, é um excelente instrumento para o crescimento pessoal e educação da sensibilidade, além de oferecer inúmeras aplicações nas áreas da arte-educação, saúde, trabalhos comunitários, gestão de pessoas e no desenvolvimento de habilidades e competências que favoreçam o trabalho em equipe.
BERNHARD WOSIEN
Bernhard Wosien nasceu em 1908 na Masuren (Prússia Oriental), na cidade de Passenheim e faleceu em 1986, aos 78 anos de idade, em Munique, na Alemanha.
Foi artista profissional da dança e das artes cênicas, coreógrafo, professor de dança e artista plástico.
Artista dotado de muitos talentos e de grande profundidade e carisma pessoal, foi amplamente aclamado por artistas importantes de sua época, muitos dos quais não somente o conheceram, como também trabalharam pessoalmente com ele.
A partir da década de 60, após encerrar sua carreira nos palcos, Wosien começou a pesquisar as danças folclóricas e étnicas dos povos da Europa Oriental, principalmente as danças de roda, que eram praticadas nas praças e nos campos, por pessoas simples que buscavam a alegria e a comunhão. Wosien observou que as raízes dessas danças eram antigas e profundas e que sua importância era muito maior do que se imaginava. Ao resgatar estas formas simbólicas e espontâneas de dança, Wosien buscava desenvolver uma forma de trabalhar a expressão corporal que transmitisse um estado de alegria, amor e conexão com o ser interior de cada um.
Além da pesquisa de danças étnicas, Bernhard coreografou diversas danças que tinham como objetivo realizar, através do movimento, a vivência do “aqui e agora”. Com passos simples, feitos de mãos dadas na roda, criou o que posteriormente recebeu o nome de “Dança Circular Sagrada” ou “Meditação na Dança”.
Em 1976, Peter Caddy, um dos fundadores da Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia, convidou o professor Bernhard Wosien e sua filha Maria-Gabriele Wosien para desenvolver um trabalho de dança e espiritualidade com os residentes da comunidade. Bernhard introduziu, em Findhorn, sua forma de interpretar e dançar as danças folclóricas, assim como sua abordagem coreográfica para adágios de música clássica, utilizando movimentos lentos, em círculo, como uma meditação.
A receptividade à abordagem de Bernhard foi enorme e, a partir da Comunidade de Findhorn, a “Dança Sagrada” ou “Dança Circular Sagrada” se espalhou por uma grande parte da Europa e por todo o mundo ocidental.
Dançando em um círculo, de mãos dadas, nos transformamos numa grande mandala em movimento e podemos assim nos tornar um canal para a recepção de energias mais sutis. O silêncio interior, a harmonia dos gestos, a regularidade e repetição dos movimentos, a “circularidade” da experiência, tudo contribui para que se intensifique a atenção, possibilitando novos níveis de consciência.
A experiência de dançar em círculo nos conecta com a energia de todos os povos, e proporciona a vivência da fraternidade, da partilha, da amorosidade, da alegria, da cooperação e o contato com o “sagrado” que existe dentro de cada um nós. É uma oportunidade de nos conectarmos com os aspectos arquetípicos comuns a toda a Humanidade e de resgatarmos uma forma de vivência simbólica.
O movimento das Danças Circulares Sagradas já se encontra difundido por vários países. O trabalho de pesquisa e criação ainda continua, e várias danças têm sido coreografadas, em várias partes do mundo, mantendo sempre a forma circular ou em espiral e utilizando os gestos e movimentos que são pertinentes às diversas culturas e povos.